[Bancariosdebase] Fwd: [analistabb]
Márcio Cardoso
marciocarsi em yahoo.com.br
Sexta Agosto 31 22:40:11 UTC 2012
Prezados companheiros, manos e minas.
E o que eu sempre digo: nada mais petista do que um tucano no poder,. E vice-versa.
Enviado via iPad
Início da mensagem encaminhada
> De: pedro.paim em terra.com.br
> Data: 31 de agosto de 2012 11:24:43 BRT
> Assunto: [analistabb]
> Responder A: analistabb em yahoogrupos.com.br
>
>
>
> Colegas,
>
>
>
> Sem manifestação contra ou a favor, repasso discurso do senador Requião.
>
> Observo, apenas, que não se trata de alguém do DEM, PSDB ou PPS mas de um aliado de longa data do PT.
>
>
>
> Paim - Salvador(BA)
>
>
> De:
> Para:
> CC:
> Assunto: Roberto Requião: PT usa eufemismo para esconder suas privatizações; Embrapa é a próxima
> Data: 31/08/2012
>
>
>
> publicado em 29 de agosto de 2012 às 23:14
>
> http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=EkDsc__kaas
>
> Roberto Requião, em discurso no Senado
>
>
> O Partido dos Trabalhadores, o glorioso e inefável PT,
> reintroduz, em grande estilo, aos usos e discursos
> políticos, um dos piores defeitos do caráter pátrio: o
> emprego do eufemismo, essa figura de linguagem ou recurso
> estilístico que serve tanto para encobrir o preconceito,
> racial ou de classe, como para dissimular, para trapacear e
> ocultar com nuvens róseas a verdade dos fatos.
> Eufemismo que transforma os negros em “morenos”, porque
> “negro”, para os nossos burgueses bem postados e bacharéis
> de anel de rubi, é uma idéia pouco agradável, já “moreno”
> suaviza a rejeição. Eufemismo que transforma os
> trabalhadores, os pobres, os explorados em geral em “menos
> favorecidos pela sorte”; as escravas domésticas em
> “secretárias”; os ladrões do dinheiro público em “supostos”
> assaltantes do erário; os bicheiros e contraventores em
> “empresários de jogos”;
>
> os especuladores em “investidores”; a lavagem de dinheiro em
> “engenharia financeira”; os empregados miseravelmente
> assalariados dos supermercados em “colaboradores”. E patrões
> em “colegas de trabalho”, como os nossos jornalistas tratam
> os
> Marinho, os Civita, os Mesquita, os Frias, segundo a
> observação demolidora de Mino Carta.
> Pois bem, eis que o já citado glorioso e inefável Partido
> dos Trabalhadores oferece a sua prestimosa ajuda para a
> coleção de eufemismos que disfarça, distorce, empana a
> crueza da realidade nacional. Segundo o novíssimo dicionário
> petista da negação da história, dos fatos da vida e dos
> compromissos programáticos, conceder não é privatizar.
> Concessão é uma coisa, privatização outra, dizem.
> De que a semântica não é capaz!
> Por seis vezes, não por uma, duas ou três, mas por seis
> vezes, apoiei e trabalhei pelo candidato do PT à presidência
> da República. No Paraná, nos meus dois últimos mandatos,
> governei em aliança com o PT. Nesta Casa, sou da base do
> Governo Dilma.
> Isso, no entanto, não me impede, não me inibe ou me
> descredencia a deplorar não apenas as desculpas piedosas ou
> a falta de originalidade nas explicações e as tentativas de
> trapacear a verdade, não apenas isso, mas sobretudo o fato
> em si; isto é, as privatizações. E elas são o que são:
> privatizações, sem rebuço, sem disfarce, cruamente,
> verdadeiramente privatizações.
> E eu sou contra.
> Há uma anedota, que o decoro parlamentar impede-me de
> contar, sobre a mecânica das concessões e das parcerias
> público-privadas. Quem participa com o que.
> Caso eu tivesse alguma dúvida, ela se dissolveria lendo as
> entusiasmadas, e até poéticas, ao seu estilo, declarações do
> senhor Eike Batista, saudando as concessões anunciadas pelo
> presidente Dilma. O senhor Batista, bilionária criação de
> outras concessões petistas, parecia surfando nas nuvens, de
> tão deleitado.
> O discurso é o mesmo de sempre. A velha história da falta
> de recursos para tocar as obras de infra-estrutura; a
> diminuição do tamanho do Estado; a eficiência da iniciativa
> privada; o combate ao desperdício e à corrupção e lorotas da
> espécie.
> Houve um momento, lá no passado, que imaginei que o PT
> aprendera as lições das concessões-privatizações
> empreendidas pelos tucanos. Por exemplos, a concessão das
> ferrovias a ALL et alia, hoje um caso de polícia segundo o
> TCU e o Ministério Público; a concessão de rodovias, com a
> imposição de tarifas de pedágio abusivas, transformando as
> concessionárias em sócios indesejados dos agricultores, dos
> industriais e dos caminhoneiros; a concessão, em várias
> partes do país, dos serviços de energia elétrica e de
> saneamento, com a acentuada piora desses serviços ao mesmo
> da elevação vertiginosa das tarifas.
> Lá no Paraná, parte da empresa pública de saneamento, a
> Sanepar, foi privatizada. Embora minoritário, o sócio
> privado assumiu a gestão da empresa que, com todas as
> letras, sem qualquer pejo ou escrúpulo, decretou que a
> prioridade da Sanepar passava a ser o lucro dos acionistas.
> E tome aumenta de tarifas. Quando assumi o governo, em 2003,
> congelei as tarifas de saneamento e as mantive congeladas
> por oito anos, sem prejuízo para a saúde financeira da
> empresa, o que dá uma idéia do quanto eles inflaram o preço
> da água e do esgoto para remunerar o sócio privado.
> No capítulo das concessões e privatizações brasileiras
> temos ainda dois ingredientes típicos dos negócios
> público-privados: o financiamento das privatizações e os
> contratos de concessão.
> Como se sabe, o Estado privatiza porque não tem dinheiro
> para tocar obras de infra-estrutura ou comandar os setores
> de energia, saneamento e comunicações. Mas como os
> candidatos às concessões e privatizações também não tem
> dinheiro para arrematar as ditas nos leilões, não há
> problema: o Estado empresta o dinheiro para que a iniciativa
> privada compre aquilo que Estado não tem dinheiro para
> tocar.
> Não é piada, não estou aqui usando a navalha de Occam para
> reduzir ou simplificar as coisas. É assim mesmo que
> funciona, porque como ensinava o bom frade já lá no distante
> século 14, a explicação mais simples geralmente é a correta.
> O BNDES e os fundos de pensão da Petrobras, do Banco do
> Brasil e da Caixa também não me deixam na mão e assinam
> minhas afirmações com os tantos bilhões de reais
> “investidos” nas concessões e privatizações.
> Modelozinho interessante, não acham, senhoras e senhores
> senadores?
> Outro ingrediente distintivo, característico desse modelo
> são os contratos de concessão. Os concessionários de
> ferrovias e rodovias, para citar, assumem compromissos de
> extensão e duplicação das estradas, construção de viadutos,
> túneis, elevados, passarelas. Mas fazem o mínimo possível.
> Só arrecadam e não há quem os puna pelo contrato não
> cumprido. A intangibilidade das concessionárias é uma
> cláusula não escrita dos contratos, mas nem por isso deixa
> de ser obedecida com fervor pelas agências reguladoras.
> O caos na telefonia celular só recebeu a atenção da Anatel
> porque os abusos foram muito além daquele “índice de abuso”
> que a agência julga tolerável.
> Senhoras e senhores senadores.
> Na virada da década de 80, e desta para os anos 90, vimos o
> ascenso, que parecia inelutável, do neoliberalismo. Tal qual
> na porta do inferno de Dante,também gravara-se gravara nos
> caminhos dos povos: “Abandone toda a esperança aquele que
> aqui entrar”.
> Assim, vimos, com tristeza e dor, as velhas correntes
> social-democratas e socialistas moderadas na Europa, na
> Ásia, nas Américas cederem, capitularem diante da arremetida
> dos novos bárbaros. Mas não no Brasil. Aqui, o PT parecia
> resistir à galopada dos godos e visigodos.
> Por isso tudo, houve um momento que imaginei que o PT seria
> firme, intransigente, no repúdio às concessões e
> privatizações, especialmente as concessões e privatizações à
> moda tucana.
> Enganei-me.
> Quando reptados pela oposição, especialmente pela aguerrida
> bancada do PSDB, o PT reparte-se em dois.
> Há aqueles que batem no peito e ufanam-se: Evoluímos!
> Avançamos! E comemoram o retrocesso com o fervor dos
> apóstatas.
> Há aqueles que se refugiam na semântica e, de forma até
> mesmo divertida, cômica esforçam-se para provar que o lobo é
> uma inocente e cândida ovelha.
> Assim, sem oposição, já que toda a mídia atua no coro nas
> privatizações, e a elas não se opõem sequer partidos ditos
> de esquerda ou progressistas como o PCdoB, o PSB e o PDT,
> sem oposição, o Governo reedita um dos cânones da desgastada
> e desmoralizada cartilha neoliberal.
> Mas a “evolução”, o “avanço” do PT e de nosso Governo
> Federal não para por aí. Animem-se privatistas, anime-se
> mercado, regozijem-se transnacionais, que vem mais.
> Uma idéia que não é de hoje, progride, sem muito alarde
> nesta casa: a privatização da Embrapa. De novo o eufemismo.
> Dizem que não é privatização, que é abertura de capital. De
> novo a alegação de sempre: a Embrapa não tem recursos, vamos
> captar os recursos no mercado, abrindo o capital da empresa.
> Não é preciso mais que dois neurônios para saber que
> “mercado” é esse que vai se apropriar de boa parte da
> empresa. Esse “mercado” chama-se Monsanto, Syngenta, Bayer,
> Cargill, Dow Agro, Ciba-Geigy, Sandoz, as gigantes
> transnacionais do setor que monopolizam a pesquisa e a
> produção de sementes, defensivos agrícolas, biogenética e
> atividades do gênero.
> Pergunta a agrônoma e especialista em biodiversidade Ângela
> Cordeiro: “ “Considerando a importância da inovação e
> pesquisa na agricultura para um Brasil sustentável, sem fome
> e sem miséria, o que esperar de uma empresa de pesquisa cuja
> agenda venha a ser orientada pelos desejos da Monsanto,
> Syngenta, Bayer?
> Segundo ela, se, hoje, já é difícil incluir na pauta de
> pesquisa da Embrapa temas como a agricultura familiar e
> agroecologia, imagina o que vai ser com tais sócios. Para
> ela, a abertura do capital da Embrapa e o inevitável
> redirecionamento de suas pesquisas caminham na contramão do
> programa do Governo Dilma, que diz priorizar a segurança
> alimentar e o combate à fome no país.
> Com toda certeza, aduz-se, a Monsanto e quetais não estão
> propriamente interessadas no dístico “país rico é país sem
> pobreza”, sem fome, sem deserdados da terra e sem terras.
> A agrônoma Ângela Cordeiro alerta para outro risco da
> abertura de capital da Embrapa, enfim, de sua privatização:
> a apropriação privada de recursos genéticos depositados no
> fabuloso, riquíssimo Centro Nacional de Pesquisas Genéticas
> e Biotecnologia, o CENARGEM.
> O acervo do CENARGEM e os bancos dos demais centros de
> pesquisas da vão se tornar propriedade dos acionistas
> privados? Tudo o que acumulamos em dezenas de anos de
> pesquisas, com investimentos públicos, com o suado dinheiro
> de cada brasileiro, tudo isso vai ser entregue de mão
> beijada para a Monsanto et caterva?
> Ou alguém é ingênuo ao ponto de achar que as sete irmãs que
> dominam a produção de sementes e dos chamados,
> eufemisticamente, “defensivos agrícolas” vão associar-se à
> Embrapa sem a intenção de botar a mão grande em uma dos mais
> fantásticos acervos de pesquisas agropecuárias e florestais
> do planeta Terra?
> O jornalista Leonardo Sakamoto, reproduziu esses dias em
> seu blog, o “Blog do Sakamoto”, o alerta de um outro
> jornalista, Xavier Bartaburu, sobre o desaparecimento do
> mapa do mundo, a extinção mesmo, de cerca de 800 alimentos,
> dezenas deles no Brasil.
> Não são apenas animais e florestas que correm riscos. Os
> alimentos também. Alimentos tradicionais, que fazem parte da
> história, da vida, da cultura de povos e que garantem a
> subsistência de centenas de milhões de pessoas correm o
> risco da extinção.
> Mesmo que aos trancos e barrancos, e graças à teimosia de
> alguns pesquisadores, a Embrapa tem ajudado a preservar os
> alimentos tradicionais. Essa resistência, é líquido e certo,
> cessará com a privatização da empresa. Afinal que interesse
> a Monsanto, a Syngenta, a Bayer teriam no umbu, nas frutas
> do cerrado, no baru, no berbigão, nas quebradeiras do babaçu
> do Maranhão, nos índios produtores do guaraná nativo, no
> caranguejo aratu dos manguezais do Sergipe, só para citar
> alimentos brasileiros na lista de risco, listados pelo
> jornalista?
> Certamente o mesmo interesse que o mercado tem pelo destino
> da ararinha-azul. Afinal, o que o mercado quer é a
> transformação do planeta em uma imensa plantation, com soja,
> milho, algodão, de preferência tudo transgênico.
> Privatizar a Embrapa –ou como tentam amenizar os
> pregoeiros, “abrir o capital da empresa”– sob a alegação de
> falta de recursos para pesquisas é mais um desses manjados
> argumentos de que abusam os liberais todas às vezes que
> cobiçam um naco de uma empresa pública.
> De todo modo, faço fé na resistência da diretoria da
> Empraba e de seus pesquisadores e funcionários. É uma
> trincheira em que vale a pena combater.
> Senhoras e senhores senadores, assim caminha o Brasil; ou
> melhor, assim retrocede o Brasil.
> O economista Paul Krugman, analisando a proposta de cortes
> de gastos e de responsabilidade fiscal oferecida aos Estados
> Unidos por Paul Ryan, candidato a vice-presidente na chapa
> de Mitt Romney, conclui: “Parece piada, mas desgraçadamente,
> não é piada”.
> Plagio o Nobel da Economia ao ver esse hilariante debate
> entre petista e tucanos sobre concessões e privatizações:
> “Parece piada, mas desgraçadamente, não é piada”.
>
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